Simone Biles: como fatores emocionais afetam diretamente o desempenho dos atletas Olímpicos
Na última terça feira, (27), nos deparamos com a notícia que a ginasta Simone Biles, que defende os Estados Unidos nas Olimpíadas de Tóquio, desistiu de competir em algumas categorias da ginástica artística para priorizar a sua saúde mental, uma notícia que dividiu opiniões. Ao mesmo tempo que essa notícia pegou muitas pessoas de surpresa, é um passo necessário para trazermos à tona para a sociedade atual que o equilíbrio entre corpo e mente é de suma importância e extremamente decisivo para trazer um bom resultado em qualquer modalidade esportiva que o indivíduo venha a desempenhar.
Quando estamos diante de uma situação de pressão externa, aonde todas as atenções do público é voltada para você, quando se tem uma alta expectativa em cima dos nossos resultados, como é o caso de atletas de grande desempenho, pouco se é falado como o emocional de cada indivíduo que irá competir é diretamente afetado.
Segundo Frischnecht (1990) todas as atividades musculares intensas estabelecem relações com vivências emocionais e, com isso, pode-se dizer que a tensão das reações emocionais atinge sua máxima intensidade em situações de competição.
Diante disso, é crescente o quadro de ansiedade e até de descontrole emocional vindo dos atletas, visto que existe uma auto cobrança em demasia de si próprio, dos patrocinadores, equipe e do técnico, que esquecem que desempenho atlético é algo que está diretamente atrelado a um conjunto de fatores que perpassa a harmonia de desempenho físico, cognitivo e emocional.
Normalmente, cada pessoa precisa de um certo nível de ansiedade para um melhor rendimento e também o estado de ansiedade deve ser compatível com a natureza da atividade (esporte), para que se obtenha resultados favoráveis.
Com isso, podemos dizer que a ausência ou o excesso de ansiedade em atletas é prejudicial ao seu rendimento desportivo, aonde a ausência de ansiedade afeta o rendimento do atleta , provocando, por exemplo: sono, falta de atenção, respostas motoras prejudicadas, apatia mental, mal humor, aversão à competição, descontentamento e intensidade diminuída de percepção, pensamento e concentração. E o excesso de ansiedade provoca, por exemplo: instabilidade emocional, perturbação na coordenação dos movimentos, redução na eficiência perceptual, desorganização do comportamento, aumento na tensão muscular, respostas negativas na disputa, incapacidade de concentração e falta de controle psico-motor.
Ter auto conhecimento dos seus limites emocionais e sobrepor em primeiro lugar diante de tudo o que é exigido em uma competição como é o caso das Olimpíadas, ao meu ver, levou essa atleta a ser uma pioneira em fazer com que o mundo enxergue os competidores não apenas como super humanos, aonde a busca da perfeição de cada movimento, cada melhoria de milésimo de segundos de uma nota é algo constante na vida deles, como meros humanos, com suas falhas, medos e fraquezas.
É necessário observarmos como essa notícia irá impactar de forma direta à partir de hoje as delegações de cada País, atletas e seus técnicos. Não dar para negar que a pauta “saúde mental” é algo que não se pode mais ser empurrado para debaixo do tapete, pois é um fator que afeta diretamente cada competidor.
Que essa notícia possa ser o ponta pé inicial para que mudanças dentro de cada categoria desportiva seja realizada, e o emocional dos seus atletas sejam percebidos, acolhidos e escutados.
Daniela Hernandez de Barros, Jornalista e Psicóloga (CRP 15/3726) formada pelo Centro Universitário CESMAC; Especialista em Urgência, Emergência e Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pela UNIT; Capacitação em Psicologia Jurídica e Processos Psicológicos Criminais, Capacitação em Avaliação Psicológica, Capacitação em Psicologia Breve.