Parceria entre Prefeitura e ONU impulsiona educação especial em Maceió
Nos últimos cinco anos, Maceió vem registrando um crescimento significativo na chamada Educação Especial. De 2012 até agora, mais de 3000 alunos com alguma deficiência ingressaram nas escolas da rede municipal de ensino. Esse resultado foi possível, também, graças a uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação (Semed) e a Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD/ONU), que vem, por meio de assistência técnica especializada e de processos formativos, apoiando a promoção do direito à educação para todos na capital.
A fim de prestar melhor assistência para cada tipo de deficiência – bem como fortalecer parcerias para o desenvolvimento integral dos alunos –, Rita adianta que está sendo articulado um apoio para qualificar as diferentes deficiências identificadas entre os alunos matriculados na rede. Com a iniciativa, espera-se avançar ainda mais no acesso universal à educação.
Segundo dados do último censo escolar, a Rede Municipal contava, em 2012, com 1.795 estudantes com deficiência matriculados. Este ano, o número subiu para 3.256 alunos.
Destes, 2.578 alunos estão no Ensino Fundamental, 170 na Educação infantil e 508 na Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai). Os tipos de deficiência englobam auditiva, múltipla, física, intelectual, autismo infantil, Síndrome de Rett, altas habilidades/ superdotação, cegueira, Síndrome de Asperger, surdez, baixa visão e Transtorno Desintegrativo da Infância.
De acordo com a coordenadora da Educação Especial da Semed, Cláudia Valéria Alves, a matrícula via internet e a publicação do Guia da Educação Especial para Inclusão do Município de Maceió, construído com a ajuda do PNUD, ajudou a ampliar o acesso dos estudantes e direcionar o trabalho da Educação Especial realizado pelos professores em sala de aula.
“O Guia de Educação Especial para Inclusão foi lançado em 2016 com o objetivo de orientar professores, estimular e fomentar a implementação de ambientes inclusivos para as crianças e adolescentes com deficiência nas escolas. É uma espécie de manual, que orienta de forma muito prática como a escola pode trabalhar com estes alunos buscando sempre a inclusão ”, explica Cláudia Valéria.
A publicação é dividida em seis capítulos: Inclusão: Uma Questão de Direitos Humanos; Inclusão e Acessibilidade: Apresentando Conceitos; Educação Especial no Brasil: Marcos Históricos e Conceituais; A Inclusão no dia a dia da Escola; Da Integração à Inclusão na Rede Municipal de Maceió; e Políticas e Programas para a Promoção da Inclusão na Escola.
Para Maceió avançar ainda mais no acesso universal à educação – bem como fortalecer parcerias para o desenvolvimento integral dos alunos –, a coordenadora-geral do Projeto Semed/PNUD, Rita Ippolito, adiantou que está sendo articulado um projeto para melhorar a identificação e classificação de cada tipo de deficiência a fim de prestar assistência mais dirigida para os alunos matriculados na rede e qualificar, assim, o atendimento escolar. Ela acredita que, quando a escola é aberta para a inclusão, surge um universo de grandes oportunidades que englobam outras políticas como saúde e assistência, e centros especializados de atendimento, fundamentais para um acompanhamento integrado.
“Em 2016, junto com o departamento da Educação Especial e com algumas escolas da rede, iniciamos um processo de elaboração dos dados e das orientações curriculares para inclusão. O resultado desse trabalho resultou em uma publicação importante para a rede, pois consegue sistematizar todo o arcabouço legal do sistema educacional. Esse processo pode fazer com que as escolas sejam espaços de inclusão. Lugar onde o diferente possa ser considerado uma pessoa que precisa de mais sociabilidade, tolerância e solidariedade. O Guia é importante porque orienta a gestão escolar a saber como ela deve se comportar em relação às pessoas com deficiência, pois é claro que não é nada fácil poder incluir crianças com necessidades”, enfatizou.
Atendimento educacional especializado
Segundo Cláudia Valéria, o conceito de inclusão vai muito além de ter alunos em uma unidade de ensino. “Nós tínhamos a questão da criança na escola, mas não era uma inclusão, era uma integração. Pegavam uma sala e colocavam todos com deficiência. Isso não é incluir. Incluir é o que a gente faz desde 2013. Inclusão é você colocar a criança na sala regular junto com outros coleguinhas e dar oportunidade para que ela aprenda no tempo dela e com um profissional de apoio como oferecemos hoje”, acrescentou.
Atualmente a Rede conta com o apoio de 86 professores especialistas em psicopedagogia ou educação especial e 390 profissionais de apoio (auxiliares), além de cinco intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras), que atuam em 135 escolas municipais. Destas unidades, 77 possuem a Sala de Recursos Multifuncionais Especializada para Atendimento Educacional, que auxiliam os alunos com deficiência no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem no contraturno escolar.
A Semed conta ainda com o apoio de 20 instituições filantrópicas que, por meio de convênio, atendem alunos da educação especial da Rede Municipal.
A Escola Municipal Walter Pitombo Laranjeiras, localizada no bairro de Ponta Grossa, atende 26 alunos na modalidade de Educação Especial. As necessidades dos estudantes variam, mas isso não os impedem de aprender e interagir com os colegas.
Alan Ferreira, de 9 anos, tem deficiência intelectual e chegou na unidade em 2015. O atendimento especializado ajudou o garoto no desenvolvimento cognitivo e social em sala de aula. A profissional de apoio Glorineide Lima foi fundamental neste processo.
“Eu o auxilio na aquisição de aprendizagem e com isso ele vai ganhando autonomia e independência, desenvolve a fala e a interação em sala de aula melhorou bastante. Antes o Alan chegava e não tinha contato com os demais alunos. Hoje em dia ele conversa e os próprios colegas chamam ele para brincar no intervalo. Na hora da leitura, por exemplo, em que a professora lê um livro, ele participa da votação para escolher qual será lido”, enfatizou Glorineide.
Para a professora Denilma Cavalcante, o apoio especializado é fundamental em uma escola inclusiva. “Eu já tive experiência com outros alunos com deficiência. Eu acho que é uma questão de fazer a parceria com a auxiliar de sala. O Alan teve um desenvolvimento muito bom a partir do momento que ele foi acompanhado pela Glorineide. É um trabalho conjunto. Não é fácil, mas a gente tentar dar o nosso melhor”, pontuou.
Os professores que fazem o Atendimento Educacional Especializado (AEE), atuantes nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRM), participam mensalmente de uma formação específica, quando são trabalhados temas pertinentes ao atendimento realizado aos estudantes com deficiência.
A psicopedagoga Scheila Dias explica como os trabalhos são executados na sala de recursos. “As atividades são feitas a partir de um plano de atendimento individualizado. Cada aluno tem seu plano de acordo com suas potencialidades e dificuldades. A gente revê o plano conforme os avanços do aluno. Se já atingiu o que era esperado em determinado tempo, elaboraremos outras estratégias para o estudante ter outros avanços. Além disso, procuramos buscar o que interessa mais ao aluno para incentivá-lo a fazer as atividades. No entanto, o atendimento na sala de recursos é composto de atividades complementares que não substituem o ensino regular”, frisou.
Rafael Hipólito, de 15 anos, tem autismo, estuda pela manhã e frequenta a sala de recursos à tarde. O pai do adolescente, que está no 3º ano do Ensino Fundamental I, garante que o filho apresentou grande evolução. “O desenvolvimento dele está indo muito bem. Foi uma escola que achei bem melhor para o desempenho dele. A gente só quer o melhor para nosso filho. Sempre venho procurando saber como ele está na escola”, frisou Antônio Hipólito.
Maria José dos Santos reconhece o trabalho que vem sendo feito pelo Pnud/ Semed junto com a Coordenadoria de Educação Especial da Semed. Ela é avó de Laura Francine Lemos, de 8 anos, aluna do 3º ano vespertino. A menina possui Deficiência Intelectual (DI).
Roseane Silva é mãe de Rayane, aluna com paralisia cerebral. Esse é o primeiro ano da menina na escola, mas também já é possível fazer uma avaliação positiva. “É uma maravilha, eu acho ótimo, pois ela vai se desenvolvendo cada dia melhor. Acredito que poderia atrasar o processo de aprendizagem se a colocassem em uma sala só com crianças especiais. Ela ainda não sabe ler, mas já sabe fazer conta. Assim que ela acorda diz que quer ir para a escola. Então, eu sei que o tratamento aqui está maravilhoso”, comemorou.
Fonte: Secom Maceió