O que as startups focadas em varejo tem a ensinar ao mercado
Os números robustos que o biênio 2020-2021 traz sobre o setor de lojas de conveniência podem até ter como resultado os efeitos da pandemia, mas é, sobretudo, reflexo de um movimento que já vinha e ganhou, ao longo destes dois últimos anos, ainda mais projeção. Durante este período, o crescimento de 11,6% ao redor do mundo, segundo um levantamento realizado pela consultoria Ascential Retail, elencou a categoria como a terceira maior do varejo em 2020 e nos instiga a entender o que é que motivou tal destaque em tão pouco tempo.
Não é possível dissociar que os novos hábitos e necessidades que surgiram em decorrência do vírus forçaram uma adaptação do mercado, que encontrou soluções criativas para as demandas vigentes. Mas há também um outro fator a se ponderar: a proposta da conveniência já vinha se adequando às necessidades do cliente que, cada vez mais, procura por praticidade e rapidez em sua rotina. Das compras por ‘um clique’, realizadas na palma da mão, às lojas de conveniência, no caminho para casa ou trabalho e que concentra um leque bom de produtos do dia a dia, a ordem era tornar a experiência a mais prática possível.
A experiência sem atrito, que então já era uma realidade para alguns, revelou-se a toda sociedade uma solução que de fato trazia um efeito imediato: com as restrições impostas pela pandemia, esse formato de negócio evitou o contato com pessoas. Dentro de casa, isoladas e sem poder ir a restaurantes e bares, ficou também a cargo do brasileiro ser criativo com o que iria comer e beber. Adquirir ingredientes passou a ser então fundamental e a comodidade e praticidade em tê-los sempre à mão possibilitou, em consequência, que o comércio da vizinhança sobrevivesse. O consumo de forma mais fragmentada, sem fazer grandes estoques, impulsionou o setor de conveniência, que se tornou logo uma extensão de casa.
A pandemia, como um catalisador de processos, apresentou ao mercado soluções mais completas e dinâmicas. A necessidade por mais comodidade, praticidade e rapidez, reestruturou o setor e impulsionou o surgimento de negócios cada vez mais alinhados a esta proposta. A conveniência, rapidamente associada às lojas em postos de gasolina, conquistou novos espaços, ganhou um ar mais tecnológico e versátil e foi muito bem recebida até mesmo dentro dos próprios condomínios residenciais. Em um canto estratégico do prédio ou em containers, o mini mercado trouxe, ainda, mais um diferencial frente a toda concorrência do setor: a segurança por não precisar sair de casa.
Somado a tecnologia que as startups trazem, a experiência sem atrito se somou ao pagamento sem contato, um bônus para quem procura por agilidade. Os novos negócios dispensam a necessidade de atendimento presencial ao operar por meio de uma tecnologia baseada em um sistema de selfie check-out disponível 24 horas por dia, sete dias por semana. O cliente escolhe os produtos que deseja adquirir, escaneia o código de barras e finaliza a compra com um pagamento via aplicativo do celular. A cobrança é feita no cartão de crédito cadastrado de maneira totalmente automática. É, portanto, um sistema intuitivo que mescla a experiência da compra presencial com a praticidade do controle na palma das mãos.
O setor de conveniência cresceu, mas foi o nicho de lojas autônomas que alavancou e trouxe a solução para os desafios atuais -e neste caso, não só o pandêmico, mas de toda uma geração ávida por praticidade e velocidade. A “hiperproximidade” associada à inteligência artificial favoreceu esta expansão e deu luz às possibilidades de mudanças que todo o varejo pode incorporar para se transformar e acompanhar o ritmo de mudanças inerentes à sociedade. Se ainda há quem resista aos progressos, os dois últimos anos deixaram claro que, para atender o novo perfil do consumidor, é preciso torná-lo protagonista no centro desse negócio, não apenas para gerar vendas, mas para uma fidelização à marca. Para tanto, se faz urgente entregar praticidade.
Assessoria