Leptospirose: Infectologista esclarece dúvidas e reforça os cuidados contra a doença
O início do mês de julho foi marcado por fortes chuvas e alagamentos em Maceió. Em consequência do contato com a água, a população atingida pelas enchentes ficou exposta a um alto risco de contaminação de doenças, como a leptospirose – doença infecciosa que é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos).
De acordo com dados da Coordenação Geral de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, de janeiro até o dia 19 de julho deste ano, 28 casos suspeitos de leptospirose foram registrados em Maceió, sendo 15 confirmados, 5 óbitos, 7 descartados e 6 em investigação.
Para reforçar os cuidados contra a leptospirose, o médico infectologista do PAM Salgadinho, Renee Oliveira, esclarece as principais dúvidas sobre a doença, reforça a importância da prevenção e onde a população deve procurar atendimento médico, em caso de contaminação.
Ascom SMS – O que é a Leptospirose?
Renee Oliveira – A leptospirose é uma infecção potencialmente grave. Ela é considerada uma zoonose por ser uma doença transmitida por animais, principalmente ratos. Nos animais, a bactéria Leptospira pode sobreviver por um longo tempo nos rins, sendo liberada na urina dos animais. Essa bactéria pode ficar no solo por até seis meses, a capacidade de sobrevivência é muito grande.
Ascom SMS – Como as pessoas se contaminam?
Renee Oliveira – As pessoas se contaminam através do contato direto com a urina de animais infectados, a exemplo de pessoas que trabalham na limpeza de esgotos, em pocilgas ou por meio da água contaminada. Essa época chuvosa favorece para que haja casos de contaminação, pois a água entra em contato com o solo contaminado e ela passa a albergar a Leptospira. Ao fazer o contato com essa água contaminada, a bactéria pode penetrar tanto numa pele íntegra quanto numa pele com ferimentos. As pessoas também podem contrair a doença pela cavidade oral, ao fazer a ingestão de água e comida contaminada.
Ascom SMS – Quais sintomas a pessoa apresenta e onde ela deve procurar ajuda?
Renee Oliveira – A sintomatologia da leptospirose, em seu quadro inicial, se parece muito com um quadro gripal, dengue ou uma hepatite viral. O paciente apresenta febre alta imediata, dor de cabeça, dor no corpo, fadiga, mal-estar, náuseas e diarreia. São sintomas muito semelhantes à gripe e à dengue, porém há um sintoma comum da leptospirose que pode diferenciar dessas doenças, que é a dor na região da panturrilha. As pessoas que forem acometidas com a leptospirose devem procurar uma Unidade de Saúde mais próxima. Em caso de agravamento dos sintomas, o paciente deve ir a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Ascom SMS – Que cuidados podem prevenir a doença?
Renee Oliveira – O cuidado inicial, nesse período chuvoso, é não ter contato com águas de enchentes, pois é bem provável que essa água esteja contaminada com a bactéria Leptospira. Se não puder evitar o contato, é necessário fazer o uso de luvas e botas, e na ausência de luvas e botas, utilizar sacos plásticos. Também é necessário ter muito cuidado com o lixo, pois é um local propício para os ratos. Ferver a água para fazer a higienização dos alimentos ou até mesmo para beber, lavar bem os alimentos e tampar bem as caixas d’águas, para que os ratos não tenham acesso ao local.
Dia D de Combate à Leptospirose
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em parceria diversos órgãos do município, promoveu neste fim de semana nos bairros do Bom Porto, Levada e Vergel do Lago uma grande ação de combate à leptospirose. O Dia D de Combate à Leptospirose consiste numa série de ações que buscam prevenir a doença através de serviços de saúde, limpeza urbana e busca ativa de casos sintomáticos, que por causa do período chuvoso, tem crescido.