Iminência de pico de casos no país reforça importância do isolamento social
A iminência de um pico de novos casos de coronavírus no Brasil, prevista para acontecer nos meses de abril e maio, segundo o Ministério da Saúde, reforça a necessidade de manter ainda mais rígido o isolamento social da população. O objetivo dessa estratégia se reflete no crescimento gradual, num ritmo mais lento, do número de pacientes contaminados por Covid-19, dando o tempo necessário para a rede hospitalar – pública e privada – ampliar seus leitos e tratar os doentes que já se encontram internados.
Nesta sexta-feira (03), durante coletiva on line, o secretário de Saúde, Alexandre Ayres voltou a alertar a população para o cumprimento do isolamento social para evitar que haja uma explosão de contágio do vírus em Alagoas e disse que não estão descartadas medidas ainda mais rígidas para combater a doença.
“O poder público estadual não vai vencer essa guerra sozinho. A doença não escolhe rico ou pobre, raça ou sexo. Precisamos ter essa consciência que se não tivermos um isolamento social participativo não vai ter leito de UTI pra todo mundo, nem na rede pública, nem na rede privada. As pessoas que estão levando na brincadeira, que estão pedindo o retorno das atividades, para voltar ao trabalho, reflitam um pouco e pensem que elas podem ser as próximas vítimas”, argumentou.
Médicos que estão na linha de frente da pandemia em Alagoas também reforçam o alerta do secretário de reforço no isolamento social. A médica Marília Magalhães, do Hospital Helvio Auto, observa que o momento é crucial.
“Espera-se um pico de casos entre os dias 6 e 20 de abril, então, esse momento de isolamento é fundamental. Isto porque o isolamento social serve como meio de diminuir a propagação do coronavírus, além de promover tempo aos serviços de saúde para que eles se organizem e se adequem para lidar com a situação”, destaca. “Assim a gente consegue diminuir a pressão sobre os sistemas de saúde. Se todos adoecerem ao mesmo tempo, não haverá espaço físico, material e pessoas para garantir atendimento eficaz e de qualidade, seja o serviço público ou privado, aqui no Brasil ou lá fora”, completa a médica.
A profissional avalia como “um erro epidemiológico” liberar o funcionamento de empresas devido ao risco de contaminação entre as pessoas. “Isso porque como não testamos todo mundo, não temos como saber quem está contaminado ou não. Talvez o sistema pegue e leve dos restaurantes conseguisse funcionar com uma rotina de higiene de mãos e ambiente próxima do perfeito, mas como garantir que os funcionários não irão ficar ‘aglomerados’? São Paulo, por exemplo, permanece fechado, assim como EUA e a Europa”, diz.
O médico Diogo Borba, que é especialista em Saúde Pública e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) vai na mesma linha de raciocínio: o isolamento social é a única forma de diminuir a progressão do contágio pelo Covid-19. “É importantíssimo o empresário ajustar o funcionamento do serviço baseado nesse conceito. Diminuição do número de funcionários, distância mínima entre as pessoas, de 1 a 2 metros pelo menos, e ausência de filas no atendimento”, recomenda.
Assessoria