Filme alagoano é selecionado para o 48º Festival de Gramado
O filme alagoano Trincheira, do diretor Paulo Silver, tem presença confirmada na Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Brasileiros, dentro da programação do 48º Festival de Cinema de Gramado (RS), que será realizado de 18 a 26 de setembro, de forma online. Esta é a primeira vez que uma produção alagoana é selecionada para participar do festival gaúcho, que se tornou referência nacional na realização de eventos do gênero.
Selecionado entre 428 inscritos, o curta alagoano, uma ficção de 14’40’’, concorre com outros 13 títulos, em 10categorias: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Trilha Musical, Melhor Direção de Arte e Melhor Desenho de Som.
Além do disputado Troféu Kikito, o vencedor na categoria Melhor Filme receberá um prêmio no valor de R$ 6.500, e os demais, R$ 1 mil cada. Os curtas-metragens serão exibidos no Canal Brasil e ficarão disponíveis por 24h por serviço de streaming.
O filme alagoano também foi selecionado para o 31º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum, que acontece de 20 a 30 deste mês e é considerado um dos maiores e mais tradicionais eventos dedicados ao formato do curta-metragem no mundo.
O filme
Trincheira mostra um garoto (interpretado por Gabriel Xavier) que, de um aterro de lixo, observa o imponente muro de um condomínio de luxo e usa a imaginação para construir seu mundo fantástico com os materiais que encontra pelo caminho.
O filme estreou em novembro de 2019 no Curta Cinema – Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro, um dos principais eventos do gênero do país. No mesmo ano venceu a 10ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano, nas categorias Melhor Roteiro e Melhor Direção de Arte.
Deste então, Trincheira participou de mais de 20 festivais, como a Mostra de Cinema de Tiradentes (MG), em janeiro de 2020, e já acumula entre 12 premiações pelo país afora, duas delas dedicadas ao ator mirim Gabriel Xavier.
Em abril deste ano saiu consagrado da Mostra Criancine, no 13º Festival Curta Taquary, do Rio Grande do Sul, vencendo em sete categorias: Melhor Filme, Roteiro, Direção, Direção de Arte, Som, Prêmio da Crítica e Melhor Ator. O troféu de atuação para Gabriel Xavier se repetiu em maio, no III Festival de Cinema de Rua de Remígio, na Paraíba. Também em maio, Trincheira conquistou o 2º Festival Mazzaropi de Curtas-Metragens de Taubaté (SP), na categoria Melhor Filme, concorrendo com mais 258 curtas.
O diretor
O alagoano Paulo Silver, 28 anos, conta que sua trajetória pelo universo cinematográfico teve início em 2012, quando ainda era estudante do curso de Jornalismo, na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Apesar do pouco tempo, o jovem cineasta já acumula em seu currículo várias produções premiadas nacionalmente.
“Conheci o cinema durante a oficina Da Lauda ao Filme, que proporcionou aos alunos construir um filme, desde o roteiro até a finalização. Na ocasião, participei de duas produções: o curta 12:40, onde trabalhei como assistente de direção, e Menina, como produtor. Em 2013, produzi meu um primeiro curta-metragem, O Lixo. Em 2014, como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), produzi meu segundo curta, o documentário Nelson dos Santos, sobre o artista alagoano Nelson da Rabeca, e que foi selecionado para o É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, o maior evento do gênero da América Latina.
Com dois curtas na bagagem, Paulo Silver partiu para novos projetos. Em 2015, lançou o filme Retina, que circulou por diversos festivais nacionais e conquistou a Mostra Sururu de Cinema Alagoano em três categorias e o grande prêmio do júri jovem no Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro. Produziu ainda o documentário Eu Me Preocupo, em 2017, Tipoia, em 2018 e, por último, Trincheira, em 2019, que vem abocanhando várias premiações.
“Trincheira não é uma produção isolada. Ele é o reflexo do atual momento do cinema alagoano. De 2011 para cá, quando o poder público começou a investir em políticas voltadas para a produção audiovisual, surgiu uma nova perspectiva para o mercado cinematográfico local. As pessoas começaram não só a ver filmes, mas a trabalhar com cinema, a produzir, a se dedicar ao estudo de aspectos narrativos e estéticos da linguagem cinematográfica. E, desde 2018, a gente vem colhendo frutos, mostrando a força do nosso cinema”, reforçou o cineasta.
“É muito gratificante ver o trabalho de quatro anos chegando a um público que a gente nem imaginava. Em 2016, quando fomos selecionados para participar do IV Edital do Prêmio de Incentivo à Produção Audiovisual em Alagoas, do Governo do Estado, não imaginávamos a proporção que o filme alcançaria. Hoje, ele ganhou vida própria e está sendo visto por muita gente, conquistando diferentes públicos. Isso é motivo de muita satisfação para toda a equipe”, finalizou Silver.
Soraya Leite/ Ascom Fmac