E quando acaba o afeto, o que sobra?
Por: Daniela Hernandez de Barros, Psicóloga (CRP 15/3726) e Jornalista. Formada pelo Centro Universitário CESMAC; Especialista em Urgência, Emergência e Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pela UNIT; Capacitação em Psicologia Jurídica e Processos Psicológicos Criminais, Capacitação em Avaliação Psicológica, Capacitação em Psicologia Breve.
O que resta quando um relacionamento, seja ele amoroso ou não, se desfaz? Ficam as lembranças, as boas vivências, ou tudo será esquecido assim, como passe de mágica? Aonde nos perdemos no processo de sentir que está fazendo com que as capacidades de se relacionar estejam cada vez mais limitadas à superficialidade, e a troca de parceiros(as) como se fosse algo tão fugaz?
Ando percebendo no comportamento atual das relações humanas, indivíduos que fazem uso das redes sociais cada vez mais como um processo catártico (de fuga, seja ele no sentir, agir e/ou se responsabilizar pelo afeto alheio), como se o fator de demonstrar amorosidade de forma genuína fosse algo antiquado, que caiu em desuso.
O que alcança mais likes e engajamentos é aquele que mais se apresenta como o personagem do desapegado, ama vários(as), mas não tem responsabilidade afetiva com ninguém! Porém, indo na contramão desse novo comportamento, nunca tivemos tantos casos no consultório, pessoas com altos índices de depressão, ansiedades, distúrbios alimentares e até suicídio, pessoas que se sentem solitárias, ao mesmo passo que algumas das mesmas pregam outro discurso na internet.
E me faço o seguinte questionamento: onde nos perdemos, enquanto seres empáticos, da dor do outro? Onde o não sentir se tornou mais importante do que viver a sua dor, o seu luto, entender que isso faz parte do ser pensante e que ressignificar essas emoções, faz parte da Psiquê humana, e que isso nos torna mais fortes emocionalmente, em contrapartida, o não permitir encarar de frente suas emoções, as colocando embaixo do tapete, só faz com que apenas uma pessoa seja enganada durante todo esse processo: você mesmo!
Visto que somos seres que sentimos; o não sentir, como hoje é tão perpetuado, vai contra a nossa natureza inata, e sendo contra ela, cada vez mais as Psicopatalogias ganharam espaço. Temos que ser verdadeiros, acima de tudo conosco, e percebermos que é um risco muito alto a se pagar por tentar se enquadrar a todo custo a um mero logarítmico.