Automedicação: riscos para a saúde são maiores em idosos
Quem nunca tomou um analgésico sem orientação profissional ao sentir alguma dor de cabeça que atire a primeira pedra. A prática da automedicação é muito comum. Um estudo do Conselho Federal de Farmácia mostrou que 77% da população brasileira realiza automedicação. Apesar do estudo não distinguir o consumo por faixa etária, o farmacêutico Daniel Fortes, professor de Farmácia da UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau Maceió, aponta que a prática é mais comum entre os idosos.
“Os medicamentos mais utilizados na automedicação pelos idosos são os analgésicos e os anti-inflamatórios. Mas, a recomendação é que nenhum medicamento seja tomado sem orientação de um profissional habilitado. Mesmo os medicamentos isentos de prescrição devem ser ingeridos com orientação do farmacêutico, no momento da compra, a respeito das indicações, do tempo do tratamento e da posologia, por exemplo”, orienta Daniel.
De acordo com o professor, os principais riscos no consumo sem orientação profissional dos analgésicos e anti-inflamatórios estão relacionados ao aumento na chance de lesão renal e lesão hepática, possibilidade de sangramento estomacal e aumento da pressão arterial, entre outros fatores. “Os riscos da automedicação são maiores nos idosos, pois eles não conseguem metabolizar o fármaco com a mesma velocidade que o indivíduo adulto. Com a idade, existe a diminuição da função hepática e renal. Dessa forma, o fármaco dura mais tempo no organismo do idoso, o que pode aumentar o risco de toxicidade”, explica o profissional.
A estimativa é que no Brasil 20 mil pessoas morram, anualmente, vítimas da automedicação. Os medicamentos constituem o principal fator de intoxicação no país, responsável por 34% dos casos relatados. Desses, 44% acontecem em tentativas de suicídio e 40% por ingestão acidental.
Covid-19
De acordo com Daniel Fortes, durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) os riscos se intensificam. “Aumenta a procura pelos medicamentos, principalmente os antigripais, que contêm analgésicos e antialérgicos. Essa ingestão se dá, principalmente, sem a prescrição e orientação de um profissional da saúde, o que pode levar a um agravamento dos sintomas ou dificultar um diagnóstico, tardando a intervenção correta do serviço médico”, pontua o professor da UNINASSAU.
Outro perigo, ainda segundo Daniel, é a automedicação com a cloroquina, que é um medicamento utilizado no tratamento de malária, lúpus e artrite reumatóide. “Alguns estudos indicam que ele tem eficiência no tratamento do Covid-19. Com isso, o medicamento está sendo aplicado em casos mais graves, no âmbito hospitalar. Porém, com a divulgação das notícias, muitas pessoas acabaram estocando o medicamento antes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária regulamentar a sua venda. Contudo, a cloroquina apresenta uma série de efeito colaterais”, alerta.
Entre os efeitos colaterais o professor destaca as alterações cardíacas que podem provocar arritmias, levando, inclusive, ao infarto. “Além disso, ele pode provocar desgaste da retina, podendo evoluir para cegueira e pode provocar hipoglicemia, que é a diminuição brusca do açúcar do sangue, principalmente em pacientes diabéticos. Quadros psicóticos, comportamentos suicidas e alterações no sangue também são efeitos adversos possíveis”, conclui Daniel Fortes.
Assessoria