A toxicidade do relacionamento de mães narcísicas e seus filhos

A toxicidade do relacionamento de mães narcísicas e seus filhos
Daniela Hernandez de Barros, Psicóloga (CRP 15/3726)

Quando pensamos na figura materna, a primeira imagem que vem à nossa mente é uma figura amorosa, protetora e salvadora e qual não é a nossa surpresa quando percebemos que nem todas as mães são assim?!

Narcisismo segundo a Psicologia é um nome dado a um conceito desenvolvido por Sigmund Freud, no qual o indivíduo determina um amor exagerado por si próprio e, sobretudo, por sua imagem.

Sendo assim, mães narcísicas são especialistas em denegrir a auto imagem dos filhos, geralmente utilizam a figura da filha para ser uma vítima dos seus abusos emocionais. Elas se acham no poder de sempre inferiorizar a filha, nunca a elogiando, ao contrário, por mais que se tente agradá-la, nunca você será digna da sua atenção e terá um débito eterno com ela, pelo simples fato dela ter “te posto no Mundo”.

Além disso, por se achar a dona da verdade, fica enfurecida quando é contrariada, mesmo estando errada em algum aspecto. É notório que mães narcísicas possuem o ego fragilizado, pois a maioria sente uma necessidade de ser sempre valorizada e validada de alguma forma. Quando isso não ocorre da maneira que elas estejam almejando, a sua reprovação é um ataque pessoal à sua pessoa.

Elas têm extrema dificuldade em manter um vínculo emocional com suas filhas, visto que fazem nela uma projeção de todas as suas frustrações e com isso é incapaz de manter uma conexão genuína com quem quer que seja, agindo sempre de maneira fria, calculista e distante. Se o assunto não gira em torno das suas satisfações emocionais, então não as interessa. 

Elas não possuem empatia: pessoas narcísicas são incapazes de se identificarem com a dor e necessidades do outro. Como são egoístas e egocêntricas, recusam-se a reconhecer quando alguém precisa de ajuda ou apoio emocional. A mãe narcísica constantemente subestima e invalida a dor de sua filha, enquanto insiste que esta se dedique incondicionalmente a atender suas próprias carências.

Criação baseada na culpa: elas são experts em descontar nas filhas todas as suas insatisfações, seja com ela mesma, seja com os outros, de forma a manter sempre um clima de discussão e tensão pairando no ar. Como são geralmente incapazes de manter o diálogo e entendimento dentro do seio familiar, elas optam sempre por uma atitude intransigente e inflexível, que sempre acaba em discórdia e desavença, causando assim desentendimentos desnecessários para aliviar o seu turbilhão de emoções mal resolvidas, fazendo uma transferência de toda a causa da discussão de forma direta ou indireta, para a sua filha. 

E como fica o emocional dessa filha diante de tudo isso?

Muitas delas vão para a fase adulta com a crescente necessidade de agradar todo mundo, se anulando grande parte da vida. Problemas de depressão, ansiedade e auto estima são comuns em pessoas que foram criadas por mães narcísicas. Elas possuem uma dificuldade em associar a sua imagem como alguém madura e capaz, mesmo tendo conhecimento das suas competências, as filhas de mães narcísicas se sentem inseguras em confiar no seu conhecimento e poder de decisão.

Ser educado por uma pessoa com um transtorno de personalidade, tal como o narcisismo, transforma o processo de diferenciação na idade adulta uma tarefa de peso. Os exemplos mais próximos do que é ser adulto, ou seja, sua mãe e/ou seu pai, são inconsistentes demais para serem confiados. Grande parte das lições e valores transmitidos pela mãe narcisista precisa ser desaprendido para se reconhecer como uma pessoa adulta e capaz.

É nesse exato momento que entra o papel do psicólogo, trabalhando com seu paciente todo o contexto familiar desestruturado para poder reorganizar emocionalmente aquele individuo, fazendo-o perceber que o paciente não tem nenhuma parcela de culpa de todo o peso emocional que a mãe colocava em cima dele e trabalhando a sua auto estima, para que o mesmo perceba o seu valor enquanto pessoa.

Por Daniela Hernandez de Barros, Psicóloga (CRP 15/3726) formada pelo Centro Universitário CESMAC; Especialista em Urgência, Emergência e Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pela UNIT; Capacitação em Psicologia Jurídica e Processos Psicológicos Criminais e Capacitação em Avaliação Psicológica.

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