A ressignificação do luto dentro das relações humanas

A ressignificação do luto dentro das relações humanas
Daniela Hernandez de Barros, Psicóloga (CRP 15/3726)

A perda de um ente querido ou de um animal de estimação é uma barreira por muitas vezes difícil de superar, na maioria das vezes é traumático ou doloroso, mais geralmente esse fato acaba ganhando um novo significado para a vida de quem fica. 

O luto em si passa por cinco fases ou estágios, são eles: Negação é quando existe uma resistência em acreditar no luto, acha que ocorreu um engano do fato, isso pode perdurar por dias ou até anos, na expectativa de que o acontecimento esteja equivocado de alguma forma. Ficam introspectivos, vindo outros sentimentos acompanhados nesse estágio, como a solidão, o arrependimento e a tristeza; raiva, para mim é uma das fases mais intensas do processo, pois a pessoa sente tudo com maior intensidade, podendo apresentar comportamentos incongruentes, de rebeldia diante da situação. O ego já não consegue mais manter a negação e o isolamento, vindo à tona questionamentos do por que isso está ocorrendo com ele. Nessa fase é mais complicado a pessoa ter relacionamento com as outras, mais é de suma importância que ela saiba que possui com quem contar quando quiser e precisar. 

Barganha ou negociação é quando o estágio anterior não te trouxe alívio e nem conforto emocional e se questiona o que pode fazer para reverter o ocorrido, é uma espécie de negociação pela dor da perda. Nesse estágio geralmente ocorre às famosas promessas de se tornar alguém melhor, na falsa expectativa que um milagre ocorra para reverter o sucedido. Depressão, agora é o momento em que é impossível negar o luto e sentimentos como impotência, melancolia, apatia e desinteresse vêm à tona. Nessa fase, a maior colaboração das pessoas ao redor do enlutado é saber que ele pode ser um ouvinte paciente e está ao lado para ouvir as queixas. Comportamentos como choro, isolamento, reflexão sobre a falta que o outro fará e o desejo de reorganizar sua vida, são frequentes nesse período. E por fim, a aceitação, é a fase em que o sofrimento está mais suavizado, as reflexões sobre o momento são mais congruentes, consegue ter maior perspectiva sobre o futuro, facilitando a aceitação do ocorrido e possibilidades de reação. Não é um cenário feliz, porém é um cenário de tranquilidade tanto para o indivíduo em si como para quem está a sua volta. 

Ressignificar o luto é o tempo em que o coração precisa para se adaptar diante da uma dor de uma perda (Trajano,Tom). E esse momento difere de pessoa para pessoa. Situações como essa que estamos passando, aonde perdas iminentes de familiares, amigos ou conhecidos têm se tornado frequente, o último adeus (velório), por questão de segurança, tem sido adiado. Esse tem sido o momento das despedidas íntimas, independente de religião. Rupturas de convivência, muita das vezes bruscas, causam uma lacuna emocional enorme para quem fica, e uma forma de ressignificar e até homenagear o ente querido é escrever. Sim, escrever o último adeus, a palavra não dita, o carinho que ficou muitas vezes perdido no meio do caminho na correria do dia a dia, um eu te amo, que por inúmeras razões não foram ditas e acabaram sendo silenciadas. É honrar a memória de quem se foi…

E se isso não for o suficiente para cicatrizar a dor do fim, saiba que existem profissionais que estão de prontidão para te ajudar nesse processo de ressignicação, como nós, os psicólogos. 

E para fechar, uma frase de Colin Parkes (1998): “A intensidade do luto é determinada pela intensidade do amor”.

Por: Daniela Hernandez de Barros, Psicóloga (CRP 15/3726) formada pelo Centro Universitário CESMAC; Especialista em Urgência, Emergência e Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pela UNIT; Capacitação em Psicologia Jurídica e Processos Psicológicos Criminais e Capacitação em Avaliação Psicológica.

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