A incessante busca da felicidade nas redes sociais e seus malefícios

A incessante busca da felicidade nas redes sociais e seus malefícios
Daniela Hernandez de Barros, Psicóloga (CRP 15/3726)

É cada vez mais notório e com maior frequência que as pessoas estão cada vez mais conectadas, e com isso uma nova forma de comportamento vem surgindo: a dos likes atrelados ao nível de aceitação que uma postagem pode gerar e como isso afeta diretamente a forma como você se percebe enquanto ser humano. 

Diante disso, fica o meu questionamento: em épocas de redes sociais aonde cada curtida mostra o quanto você é popular, você realmente é feliz?

E diria mais, aonde começa o seu bem estar e aonde termina o mesmo, se contrapondo as opiniões alheias?

Percebo com preocupação o crescente aumento de quadros depressivos e até suicídios dos jovens tendo como fator pré-determinante as redes sociais, é o que diz uma pesquisa realizada pela instituição de saúde pública do Reino Unido, Royal Society for Public Health, em parceria com o Movimento de Saúde Jovem¹. 

O estudo revela que as taxas de ansiedade e depressão entre jovens de 14 a 24 anos aumentaram 70% nos últimos 25 anos. Ao todo, 1.479 participantes das pesquisas falaram sobre o nível de envolvimento com aplicativos como Youtube, Twitter, Instagram e Snapchat e como eles influenciavam em seus sentimentos. 

O resultado indicou que o compartilhamento de fotos pelo Instagram impacta negativamente no sono, na autoimagem e aumenta o medo de jovens de ficar fora dos acontecimentos. Cerca de 70% dos jovens revelaram que o aplicativo fez com que eles se sentissem pior em relação à própria autoimagem e, quando a fatia analisada são as meninas, esse número sobe para 90%. 

Essa realidade já gerou uma reação nos desenvolvedores do Instagram, que em 2019 decidiram ocultar para terceiros o número de likes em publicações. “Não queremos que as pessoas sintam que estão em uma competição dentro do Instagram e nossa expectativa é entender se uma mudança desse tipo poderia ajudar as pessoas a focar menos nas curtidas e mais em contar suas histórias”, informou a plataforma². 

As pessoas estão deixando de vivenciar os momentos reais para dar mais valor aos virtuais, exemplo: você está em uma praia, mais em vez de você curtir a paisagem ao redor e as companhias, caso as tenha, a preocupação maior é de tirar a melhor foto, na melhor pose e o quanto isso trará de engajamento, deixando de lado a experiência e as memórias afetivas que aquele passeio pode lhe proporcionar.

Estamos em épocas de liquidez: das emoções, sensações, relacionamentos e sentimentos… Cabe a cada um de nós perceber (e não se perder) diante dessa gama de informação e interação social que as plataformas digitais nos trouxe.

Palavra chave é o equilíbrio!

Como tudo na vida é necessário à dosagem certa, paradoxalmente falando, a dosagem certa do que será o nosso “remédio” ou “veneno”. O que você escolherá?

Concluo com a seguinte mensagem de autor desconhecido: “O autoconhecimento não implica em uma mudança de si mesmo, mas em uma mudança da relação que mantemos com nós mesmos”.

  1. Royal Society for Public Health. Social media and young people’s mental health and wellbeing. Disponível em: https://www.rsph.org.uk/static/uploaded/d125b27c-0b62-41c5-a2c0155a8887cd01.pdf
  2. Portal O Globo. Instagram inicia testes para ocultar número de curtidas em publicações da rede social.
    Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/instagram-inicia-testes-para-ocultar-numero-de-curtidas-em-publicacoes-da-rede-social-23813480

Por Daniela Hernandez de Barros, Psicóloga (CRP 15/3726) formada pelo Centro Universitário CESMAC; Especialista em Urgência, Emergência e Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pela UNIT; Capacitação em Psicologia Jurídica e Processos Psicológicos Criminais e Capacitação em Avaliação Psicológica.

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