A incessante busca da felicidade nas redes sociais e seus malefícios
É cada vez mais notório e com maior frequência que as pessoas estão cada vez mais conectadas, e com isso uma nova forma de comportamento vem surgindo: a dos likes atrelados ao nível de aceitação que uma postagem pode gerar e como isso afeta diretamente a forma como você se percebe enquanto ser humano.
Diante disso, fica o meu questionamento: em épocas de redes sociais aonde cada curtida mostra o quanto você é popular, você realmente é feliz?
E diria mais, aonde começa o seu bem estar e aonde termina o mesmo, se contrapondo as opiniões alheias?
Percebo com preocupação o crescente aumento de quadros depressivos e até suicídios dos jovens tendo como fator pré-determinante as redes sociais, é o que diz uma pesquisa realizada pela instituição de saúde pública do Reino Unido, Royal Society for Public Health, em parceria com o Movimento de Saúde Jovem¹.
O estudo revela que as taxas de ansiedade e depressão entre jovens de 14 a 24 anos aumentaram 70% nos últimos 25 anos. Ao todo, 1.479 participantes das pesquisas falaram sobre o nível de envolvimento com aplicativos como Youtube, Twitter, Instagram e Snapchat e como eles influenciavam em seus sentimentos.
O resultado indicou que o compartilhamento de fotos pelo Instagram impacta negativamente no sono, na autoimagem e aumenta o medo de jovens de ficar fora dos acontecimentos. Cerca de 70% dos jovens revelaram que o aplicativo fez com que eles se sentissem pior em relação à própria autoimagem e, quando a fatia analisada são as meninas, esse número sobe para 90%.
Essa realidade já gerou uma reação nos desenvolvedores do Instagram, que em 2019 decidiram ocultar para terceiros o número de likes em publicações. “Não queremos que as pessoas sintam que estão em uma competição dentro do Instagram e nossa expectativa é entender se uma mudança desse tipo poderia ajudar as pessoas a focar menos nas curtidas e mais em contar suas histórias”, informou a plataforma².
As pessoas estão deixando de vivenciar os momentos reais para dar mais valor aos virtuais, exemplo: você está em uma praia, mais em vez de você curtir a paisagem ao redor e as companhias, caso as tenha, a preocupação maior é de tirar a melhor foto, na melhor pose e o quanto isso trará de engajamento, deixando de lado a experiência e as memórias afetivas que aquele passeio pode lhe proporcionar.
Estamos em épocas de liquidez: das emoções, sensações, relacionamentos e sentimentos… Cabe a cada um de nós perceber (e não se perder) diante dessa gama de informação e interação social que as plataformas digitais nos trouxe.
Palavra chave é o equilíbrio!
Como tudo na vida é necessário à dosagem certa, paradoxalmente falando, a dosagem certa do que será o nosso “remédio” ou “veneno”. O que você escolherá?
Concluo com a seguinte mensagem de autor desconhecido: “O autoconhecimento não implica em uma mudança de si mesmo, mas em uma mudança da relação que mantemos com nós mesmos”.
- Royal Society for Public Health. Social media and young people’s mental health and wellbeing. Disponível em: https://www.rsph.org.uk/static/uploaded/d125b27c-0b62-41c5-a2c0155a8887cd01.pdf
- Portal O Globo. Instagram inicia testes para ocultar número de curtidas em publicações da rede social.
Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/instagram-inicia-testes-para-ocultar-numero-de-curtidas-em-publicacoes-da-rede-social-23813480
Por Daniela Hernandez de Barros, Psicóloga (CRP 15/3726) formada pelo Centro Universitário CESMAC; Especialista em Urgência, Emergência e Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pela UNIT; Capacitação em Psicologia Jurídica e Processos Psicológicos Criminais e Capacitação em Avaliação Psicológica.