A idealização do amor romântico em pleno século XXI
Quando se pensa em “amor romântico”, o que primeiro vem à sua cabeça? Será que aquela idealização que nos é introjetado desde pequenos (principalmente para as mulheres), do conto dos “felizes para sempre”, realmente é condizente com a realidade?
Qual o risco que corremos ao acreditar nesse mito? O que ele pode acarretar de prejuízo para a nossa vida amorosa no decorrer da nossa existência?
São muitos questionamentos para um tema que por vezes é vislumbrado como sendo o de um relacionamento perfeito, é a famosa “síndrome da Dineylândia” que vem como sendo o ideal para uma vida conjugal por décadas a fio, mais qual relacionamento não passa por dificuldades no decorrer do percurso? Por causa disso, ele é menos fantástico do que um conto de fadas?
A idealização do amor romântico tem se tornado um grande destruidor de relacionamentos, entra ano e sai ano ainda é um pensamento que se faz muito presente e persiste em pleno séc. XXI, e quando não conseguimos alcançar o inatingível, nos frustramos e nos sentimos inadequados.
Colocar esse fardo emocional nas costas do seu parceiro(a) é uma grande injustiça. Ninguém é responsável pela felicidade de ninguém e um relacionamento não pode se tornar uma âncora emocional, que será o seu trampolim de salvação rumo as suas necessidades emocionais projetadas por uma vida inteira de ilusões.
Antes de começar qualquer tipo de relacionamento, o indivíduo tem que estar inteiro, primeiramente consigo próprio, para depois encarar o próximo passo, que é se relacionar com uma outra pessoa. Saber que esse parceiro(a) tem erros e defeitos como qualquer ser humano, que ninguém é tangível ao acerto sempre, porém disposto ao reconhecimento dos erros e comprometimento para melhorar nesses aspectos, é fator primordial para a harmonia conjugal.
“Quando não realizamos o ideal imaginário do amor, buscamos explicar a impossibilidade culpando a nós mesmos, aos outros ou ao mundo, mas nunca contestando as regras comportamentais, sentimentais ou cognitivas que interiorizamos quando aprendemos a amar. […] o amor-paixão romântico encampou a ideia de felicidade emocional, criando seus párias e cidadãos de primeira classe.”
Jurandir Freire Costa. Psicanalista e autor do livro “Sem Fraude Nem Favor: Estudos Sobre o Amor Romântico”
O risco que corremos de nos perdermos dentro dessa fantasia é enorme, e o preço a se pagar, também é! O amor romântico é uma construção social que nos foi vendida como sendo a ideal para todos os casais, e como todas as construções sociais: ela não serve para todo mundo!
Respeitar a individualidade do parceiro(a) e todas as possibilidades que o amor trás consigo, seja ele aceitando o seu cônjuge com todas as suas particularidades, seja respeito o ponto de vista que muitas das vezes não será o mesmo que o seu, também é amor! Precisamos nos libertar dos padrões que nos aprisionam com seus grilhões e que muitas das vezes é transferido por gerações e gerações dentro de uma mesma família.
Quebra de paradigmas, de estigmatizações, é o primeiro passo para a felicidade genuína, não aquela que se encaixa perfeitamente como vemos em um comercial de margarina, mais aquela é que perfeita para você, seu parceiro, sua vida…
Por: Daniela Hernandez de Barros, Psicóloga (CRP 15/3726) formada pelo Centro Universitário CESMAC; Especialista em Urgência, Emergência e Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pela UNIT; Capacitação em Psicologia Jurídica e Processos Psicológicos Criminais e Capacitação em Avaliação Psicológica.