As influências dos realitys shows no convívio social
Sabemos que quando um reality se inicia, ocorre um processo que costumo chamar de “espelhamento dos comportamentos sociais” e o que seria isso e como ele está inserido dentro desse contexto?
Espelhamento social nada mais é do que o reflexo dos comportamentos inclusos a nível pessoal (individuo) e a nível coletivo (comunitário).
Existe uma adequação na rotina das pessoas que consomem esse conteúdo para sempre se manterem informados em relação aos acontecimentos do programa; os diálogos em rodas de conversas em determinado momento vão acabar tendo como tema principal os realitys que estão ativos na grade televisiva, além de atualmente ter um grande “colaborador” na divulgação das atualizações: as redes sociais. Tudo gira em torno desse tema!
E porque esse gênero ganha cada vez mais repercussão dentro da sociedade contemporânea?
Quando estamos na frente da televisão e vemos pessoas confinadas, privadas do direito básico de ir e vir, sendo supervisionadas 24 horas por dia, muitas delas tendo que suspender suas medicações, por exemplo, para depressão, ou ansiedade e tendo como fator principal para a audiência televisiva conflitos entre esse grupo de pessoas, vemos como nossa sociedade está fadada a problemática da legitimidade do controle social.
A naturalização de comportamentos nocivos como base para entretenimento mostra como a indústria cultural televisiva está atrelada ao processo de desumanização, que ocorre quando seres humanos não se reconhecem em outros seres humanos (casos dos realitys, vendo os participantes como meros cobaias sociais) e não se percebem fazendo parte de uma coletividade universal.
Diante de tudo isso uma nova prática surge: a do cancelamento!
Pessoas que se acham acima do bem e do mal, que não são acometidas por nenhum tipo de erros (percepção distorcida da realidade) se auto denominam como juízes sociais, aonde as mesmas se colocam em um patamar capaz de julgar quem ainda irá ter alguma credibilidade depois das participações dos realitys ou não. Julgam e sentenciam em uma velocidade alarmante e com uma facilidade de causar inveja a qualquer pessoa do meio judiciário.
Estamos vivendo em um meio social cada vez mais alienado, aonde o sofrimento emocional e conflitos se tornaram meio de diversão naturalizados dentro da nossa atualidade e o grande questionamento é: aonde iremos parar com tanta habitualidade da aflição alheia?
Como já dizia Marx: “se eu tenho um objeto, este me tem como objeto”.
Daniela Hernandez de Barros é Psicóloga (CRP 15/3726) e Jornalista (MTB 2027/AL). Formada pelo Centro Universitário CESMAC; Especialista em Urgência, Emergência e Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pela UNIT; Capacitação em Psicologia Jurídica e Processos Psicológicos Criminais, Capacitação em Avaliação Psicológica, Capacitação em Psicologia Breve.